Concurso da DPMS premia melhores redações sobre o papel da escola no enfrentamento da violência contra as mulheres
Alunos também opinam sobre o papel da escola na luta contra a violência
A violência contra a mulher ainda apresenta números significativos no Brasil. Mato Grosso do Sul é o 3º no ranking nacional de denúncias. Nos primeiros onze meses deste ano, 26 mulheres foram vítimas de feminicídio. E do outro lado, por sorte, os dados não estão só nas estatísticas. Permeiam também a cabeça de crianças e adolescentes que sabem que o problema hoje é uma luta de todos.
Pelo segundo ano, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul premiou, na semana passada, alunos de escola pública no concurso de redação promovido pela instituição com o tema “A sociedade não precisa ser assim! Quais os desafios que a Escola pode enfrentar para reduzir as diversas formas de violências contra as mulheres?”.
A surpresa foi receber mais de 900 redações com número significativo de alunos que compreendem os riscos da violência e que falam da importância da escola em promover a igualdade de gênero, que longe das polêmicas geradas quando se fala do assunto, tem como objetivo formar uma sociedade livre de ódio, violência e discriminação.
“A violência contra a mulher no Brasil é um problema que arrasta por muito tempo, devido ao fato da sociedade machista e patriarcal”, diz uma aluna de Aquidauana, do 9º ano Ensino Fundamental, em sua redação. Aos 14 anos, ela diz como é difícil dar um basta na situação por medo e cabe à sociedade o dever de denunciar qualquer agressão às mulheres. “Não podemos nos calar. A denúncia é um dos fatores que pode colaborar com a diminuição da violência”, sugere.
As palavras podem soar simples para quem escreve de maneira excessivamente formal, mas ganham peso extra quando surgem de adolescentes que provam a insatisfação com a violência tão presente. Meninos e meninas descrevem situações cotidianas que não só machucam, mas matam e continuam seu ciclo na roda da violência.
“A violência contra mulher pode ocorrer devido a criação, pois desde pequena somos ensinadas na base do machismo, com a consciência de que mulheres cuidam da casa, dos filhos, enquanto o homem pode sair com os amigos. O homem pode sair para beber, o homem pode sair e pegar várias, o homem pode trabalhar. Já a mulher, se sair com as amigas tem intenções erradas. Se a mulher pegar vários em uma noite é “puta”, se está usando roupa curta está pedindo para ser estuprada… A mulher tem muito motivo para andar sozinha na rua com medo”, descreve uma adolescente campo-grandense, também do Ensino Fundamental.